sábado, 7 de janeiro de 2017

VÊM AÍ OS RUSSOS, VÊM AÍ OS RUSSOS


VÊM AÍ OS RUSSOS, VÊM AÍ OS RUSSOS (1966)

Norman Jewison (21.6.1926, Toronto, Canadá) é daqueles sólidos realizadores norteamericanos que nunca ganharam a estima dos seus iguais. Vários filmes seus disputaram Oscars (e um ganhou o Oscar de Melhor Filme do Ano: “No Calor da Noite”), mas nunca as nomeações para Melhor Realizador se traduziram no final por estatuetas. Ganhou uma, honorária, quase no final da carreira (1999). Depois de um início passado na televisão, e de algumas comédias no princípio da carreira no cinema, assinou obras meritórias, como “O Aventureiro de Cincinnati” (1965), “Vêm aí os Russos, Vêm aí os Russos” (1966),No Calor da Noite” (1967),O Grande Mestre do Crime” (1968),Chicago, Chicago” (1969), “Um Violino no Telhado” (1971),Jesus Cristo Superstar” (1973), “Rollerball - Os Gladiadores do Século XXI” (1975),...E Justiça para Todos” (1979), “A História do Soldado” (1984), “Agnes de Deus” (1985), “O Feitiço da Lua” (987), entre outras, prolongando o seu trabalho até 2003. Tanto se empenhou em comédias como em musicais, filmes de tese ou ficção científica, e sempre acabava bem as empreitadas.
“Vêm aí os Russos, Vêm aí os Russos”, de 1966, é definitivamente um filme datado. A década de 60 foi interessante de acompanhar quanto à guerra fria que se vivia entre EUA e URSS. Depois dos momentos de grande tensão, entre 1961 e 1962, com a invasão da Baía dos Porcos e a Crise dos Mísseis em Cuba, as relações entre as duas superpotências parece terem serenado um pouco, criando indícios de paz ancorados numa possível coexistência pacífica, com Nixon e Brejenev estabelecendo alguns acordos que serenaram um pouco a ebulição internacional. É neste contexto que aparece “The Russians Are Coming, the Russians Are Coming”, com argumento de William Rose, segundo o romance “The Off-Islanders”, de Nathaniel Benchley. Todo o filme se baseia na histeria norte-americana quanto a possíveis ataques soviéticos e aponta para uma moralidade final de concórdia e paz entre os povos (afinal os russos também salvam criancinhas em lugar de as comerem ao pequeno almoço).


A ideia é francamente divertida: em manobras, certamente de espionagem, perto da costa Oeste norte-americana, um submarino soviético encalha muito próximo de uma das praias da ilha (fictícia) de Gloucester. Realmente, o filme foi rodado na costa norte da Califórnia, principalmente em Mendocino, as cenas do porto são em Noyo Harbor, uma cidade ao sul de Fort Bragg. O capitão do submarino, um irado e incompetente Спрут ("polvo", na sua tradução), envia a terra o tenente Rozanov, juntamente com um grupo de oito marinheiros, para encontrarem e “alugarem” um barco para arrastar o submarino, desencalhando-o e levando-o para o mar alto. O grupo acaba por ocupar a casa de uma família em férias, os Whittaker, e a partir daí desencadeia-se a onda de histeria provocada pela “invasão” dos russos que “descem de paraquedas”, “ocuparam o aeroporto” (e que aeroporto!), estão um pouco por todo o lado, e às centenas. As peripécias são muitas e diversificadas, umas são muito bem conseguidas, outras arrastam-se um pouco, mas o resultado final é hilariante, a “moral” humanista, e sobretudo a interpretação muito conseguida, com um elenco de habituais segundas figuras, aqui em momentos de fulgor: Alan Arkin, Carl Reiner, Eva Marie Saint, Brian Keith, Paul Ford, Theodore Bikel, Tessie O'Shea, John Phillip Law, Ben Blue ou Michael J. Pollard são inesquecíveis.


Algumas curiosidades finais: o submarino que aparece no filme foi fabricado pelos produtores, dado que a marinha dos EUA se recusou a emprestar um e impediu o estúdio de trazer um submarino russo real. Mas os aviões que se veem, esses são reais, F-101 Voodoo Jets da 84th Fighter-Interceptor Squadron, provenientes da vizinha Base Aérea de Hamilton.
Diga-se ainda que, segundo Norman Jewison, o filme teve um impacto considerável tanto em Washington quanto Moscovo. Um senador, Ernest Gruening, chegou a referir-se a ele num discurso no Congresso, e uma cópia foi exibida no Kremlin, onde terá provocado lágrimas nalguns assistentes, entre eles o cineasta Sergei Bondarchuk.
Entre vários outros prémios e nomeações, “The Russians Are Coming the Russians Are Coming” foi nomeado para os Oscars de Melhor Filme, Melhor Argumento, Melhor Actor (Alan Arkin) e Melhor Montagem. Não ganharia nenhum. Mas nos Globos de Ouro teve melhor sorte. Alcançou o Globo para Melhor Filme de comédia ou musical, e Alan Arkin levou a estatueta de Melhor Actor na mesma categoria. Foram ainda nomeados John Phillip Law e o argumento.


VÊM AÍ OS RUSSOS, VÊM AÍ OS RUSSOS
Título original: The Russians Are Coming the Russians Are Coming

Realização: Norman Jewison (EUA, 1966); Argumento: William Rose, segundo romance de Nathaniel Benchley ("The Off-Islanders"); Produção: Norman Jewison, Walter Mirisch; Música: Johnny Mandel; Fotografia (cor): Joseph F. Biroc; Montagem: Hal Ashby, J. Terry Williams; Casting: Lynn Stalmaster;  Direcção artística: Robert F. Boyle; Decoração: Darrell Silvera;  Maquilhagem: Del Armstrong, Naomi Cavin, Sydney Guilaroff; Direcção de Produção: Jim Henderling, Fred Lemoine, Allen K. Wood; Assistentes de realização: Kurt Neumann, Leslie Gorall; Departamento de arte: Anthony Bavero, Lewis E. Hurst Jr., James F. McGuire, Thomas J. Wright; Som: Al Overton, Clem Portman, John Romness,  Sidney Sutherland;  Efeitos especiais: Daniel Hays; Companhia de produção: The Mirisch Corporation; Intérpretes: Carl Reiner (Walt Whittaker), Eva Marie Saint (Elspeth Whittaker), Alan Arkin (Lt. Rozanov), Brian Keith (chefe de policia Link Mattocks), Jonathan Winters (Norman Jonas), Paul Ford (Fendall Hawkins), Theodore Bikel (capitão do submarino),, Tessie O'Shea (Alice Foss (telefonista), John Phillip Law (Alexei Kolchin), Ben Blue (Luther Grilk), Andrea Dromm (Alison Palmer), Sheldon Collins (Pete Whittaker), Guy Raymond (Lester Tilly), Cliff Norton, Richard Schaal, Philip Coolidge, Don Keefer, Cindy Putnam, Parker Fennelly, Doro Merande, Vaughn Taylor, Johnny Whitaker, Danny Klega, Ray Baxter, Paul Verdier, Nikita Knatz, Constantine Baksheef, Alex Hassilev, Milos Milos, Gino Gottarelli, Paul Barselou, Sidney Clute, Laurence Haddon, Paul Lambert, Larry D. Mann, James McCallion, Michael J. Pollard, etc. Duração: 126 minutos; Distribuição em PortugalLNK Audiovisuais; Classificação etária: M/ 12 anos.

1941 (ANO LOUCO EM HOLLYWOOD)


1941: ANO LOUCO EM HOLLYWOOD (1979)

Com cerca de 30 anos, Steven Spielberg continuava o menino-prodígio de Hollywood, versão anos 70. Que dizer, aliás, de um jovem que com 20 e poucos anos roda "Um Assassino pelas Costas" (Duel), para continuar a carreira com obras como "Asfalto Quente", "Tubarão" e "Encontros Imediatos do Terceiro Grau", antes de se estrear também na comédia, com "1941 - Ano Louco em Hollywood?"  Deverá chamar-se «genial» a um autor que toca tantos campos (o filme de violência, o fantástico, a ficção científica, o terror, a comédia…) e que o faz com tamanho sentido do espectáculo, e uma tal demonstração de inteligência, lucidez e sensibilidade?
“1941” é uma comédia que procura renovar o burlesco, na linha de algumas tentativas como “O Mundo Maluco”, “A Grandes Corrida à Volta do Mundo”, “Os Alegres Malucos das Máquinas Voadoras”, entre outros títulos possíveis de citar.  A história tem algo a ver com um filme de Jewison, “Vêm aí os Russos!”, com algumas alterações de data e de inimigo. Desta feita quem ameaça a paz dos EUA e desencadeia histeria são os nipónicos comandados por Toshiro Mifune e o seu colaborador nazi, Christopher Lee. Estamos em Los Angeles-Hollywood; corria, obviamente, o ano 1941. Alguns dias antes dera-se o massacre de Pearl Harbour. O povo dos Estados Unidos está particularmente sensível ao avanço dos «amarelos», o que não quer dizer que Hollywood não continue a produzir e a exibir o «Dumbo» de Walt Disney (que enternece até às lágrimas o general americano) e a promover grandes concursos de dança (que por vezes terminam em violentos arraiais de pancadaria, como no caso vertente Spielberg testemunha com um gosto por um humor destrutivo de uma agressividade e ritmo nunca vistos em cinema). Mas, no alto da grande roda do luna-parque dois vigias aí colocados espreitam as possíveis manobras do inimigo, enquanto o exército coloca tanques e peças anti-aéreas nas quintas dos arredores («não quero a guerra no meu quintal», grita a dona do terreno invadido), particularmente bem colocados no caso de um ataque costeiro.  Por todo o lado se vê a ameaça «boche», mas particularmente suspeito é o riso amarelo. Um submarino que se movimenta nas águas territoriais americanas (e que surge nas imagens iniciais de 1941 parodiando o Tubarão do próprio Spielberg) é seguido com interesse redobrado. Mas se a histeria é total no campo americano, não é menos autêntica no submergido mundo nipónico, onde se interroga Hollis Wood (o impagável Slim Pickens), com base num qui pro quo sonoro.


O delírio atinge o paroxismo passadas as cenas iniciais que situam a acção e definem personagens. A loucura progride e a invenção do humor de John Millius (argumentista) e Spielberg parte à desfilada com o freio nos dentes. Nada deterá o piloto que manda encher depósitos de aviões nas estações de gasolina da estrada, nem os condutores de um tanque de guerra ou os sensuais comandantes (?) de outro avião que evolui nos céus de Hollywood, ao sabor dos espasmos amorosos dos seus distraídos tripulantes.
O antimilitarismo agressivo de 1941 é mais do que evidente, sendo extensivo não só aos frenéticos generais norte-americanos (onde alguns se chamam Mad e «mad» são), mas também aos japoneses e alemães, todos eles irmanados numa fúria destrutiva que parece converter em brincadeira sem significado de maior o futuro dos seus povos e da humanidade. Mas se este sentimento antimilitarista é evidente, a verdade é que 1941 não procura carregar demasiado as cores da «mensagem», para se situar no campo da diversão pura, ainda que sempre inteligente e excelentemente trabalhada, não só no plano narrativo e rítmico, como no domínio (aqui impressionante) dos cenários, das massas humanas e do seu exuberante entrecruzar. O que terá custado à Columbia e à Universal a bonita quantia de 34 milhões de dólares, gastos a erguer um décor monumental (quase todo o filme é rodado em cenários e estúdio) para o fazer explodir seguidamente, à força de rajadas de metralhadora e demais fogo-de-artifício. E não se diga que é fácil dominar os meios postos à disposição de Spielberg, nem comandar com o rigor de um ballet os milhares de figurantes que perseguem o inimigo e exorcizam terror à força de desvairados rasgos de histérica loucura.


1941 (ANO LOUCO EM HOLLYWOOD)
Título original: 1941 
Realização: Steven Spielberg (EUA, 1979); Argumento: Robert Zemeckis, Bob Gale e John Milius; Música: John Williams; Fotografia (cor): William A. Fraker; Produção: Buzz Feitshans, John Milius, Michael Kahn e Janet Healy; Montagem: Michael Kahn; Design de produção: Dean Edward Mitzner; Direcção artística: William F. O´ Brien; Decoração: John Austin e Jim Hasinger; Guarda-roupa: Deborah Nadoolman; Maquilhagem: Bob Westemoreland; Direcção de Produção: Chuck Myers e Herb Willis; Assistentes de realização: Jerry Ziesmer, Steve Perry e Chris Soldo;  Som: Gene Cantamesa, Buzz Knudson, Robert Glass, Don MacDougall e Chris Jenkins; Coreografia: Paul de Rolf e Judy van Wormer; Efeitos especiais: A.D. Flowers; Efeitos visuais: L.B. Abbott, Larry Albright, Larry Robinson; Companhias de produção: A-Team Productions para a Universal e Columbia Pictures; Intérpretes: Dan Aykroyd (sargento Tree), Ned Beatty (Ward Douglas), John Belushi (Wild Bill Kelso), Lorraine Gary (Joan Douglas), Murray Hamilton (Claude), Christopher Lee (capitão con Kleinschmidt), Tim Matheson (capitão Loomis Birkhead), Toshiro Mifune (comandante Miramura), Warren Oates (coronel Maddox), Robert Stack (general Joseph W. Stilwell), Treat Williams (Sitarski), Nancy Allen (Donn Stratton), Lucille Bensen («Gas Mama»), Jordan Brian (Macey), John Candy (Foley), Elisha Cook (o patrão), Eddie Deezen (Herb), Bobby DiCicco (Wally), Dianne Kay (betty Douglas), Perry Lang (Dennis), Patti PuPone (Lydia Hedberg), J. Patrick McNamara (sargento Willard Dubois), Frank McRae (Quincy Jones), Penny Marshall (Miss Fitzroy), Stephen Mond (Gus Douglas), Slim Pickens (Hollis Wood), Wendie Jo Sperber (Maxine), Lionel Stander (Angelo Scioli), Dub Taylor (Sr. Malcomb), Ignatius Wolfington (Meyer Mishkin), Christian Zika (Stevie Douglas), Sam Fuller (o comandante), Mickey Rourke (Reese), John Landis (Mizerany), Michael McKean (Willy). Duração: 118 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo Audiovisuais; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 28 de Março de 1980.

BOM DIA, VIETNAME


BOM DIA, VIETNAME (1987)

A Guerra do Vietname, que opôs o Vietname do Norte e os norte-americanos, manteve-se acesa entre 1955 e 30 de Abril de 1975. Os vietnamitas do Sul estiveram do lado americano, enquanto países como a China, a Coreia do Norte e a União Soviética prestaram apoio logístico ao Vietname do Norte, também conhecido por Vietcongue. Neste conflito morreram cerca de três a quatro milhões de vietnamitas do Norte e do Sul, além de outros dois milhões de cambojanos e laocianos, arrastados para a guerra com a propagação do conflito. Do lado americano, as baixas atingiram cerca de 58 mil militares. Esta foi uma guerra que se afastou das regras convencionais, optando por uma guerrilha sistemática de um dos lados e pelo uso de bombardeamentos com armas químicas desfolhantes do outro. Os meios de comunicação norte-americanos, e internacionais, cobriram largamente esta guerra, que gerou enorme polémica e causou forte divisão na sociedade ianque. Os Acordos de Paz de Paris em 1973 foi o primeiro passo para o fim do conflito que só terminaria em abril de 1975, com a ocupação comunista de Saigão, capital do Vietnam do Sul, e a rendição do exército sul-vietnamita. Esta guerra teve profundos reflexos na cultura norte-americana, e obviamente na sua indústria cinematográfica. Muitos filmes abordaram directa ou indirectamente o conflito. Alguns ainda durante as fases de combate, outros posteriormente. “Mash” serviu-se de outra guerra para apontar a esta. “O Soldado Azul” ou “O Pequeno Grande Homem”, por exemplo, eram westerns que metaforicamente abordavam o caso Vietnam.
“Bom Dia, Vietnam”, de Barry Levinson, de 1987, realizado 12 anos após o termo do conflito, tinha já uma outra possibilidade de análise, dispondo de um certo distanciamento. Curiosamente, o filme baseia-se numa figura que realmente existiu, Adrian Cronauer, mas este não se sentiu muito identificado com a sua personagem. Disse que nunca as suas emissões tinham tido um cunho humorístico, que não se reconhece senão em 45 % do que acontece na obra, que esta o apresenta como um quase pacifista e anti-guerra, quando ele era sobretudo “contra a estupidez”, e finalmente concluiu que se tivesse feito metade do que se vê no filme teria sido julgado em Conselho de Guerra. Parece que hoje em dia é advogado e membro proeminente do partido Republicano. 


O filme ficciona, portanto, um pouco a figura do modelo, e o que vemos é a história de um locutor de rádio e “disc jockey” que chega ao Vietnam para animar as forças armadas norteamericanas aí aquarteladas. As emissões anteriores eram particularmente cuidadas, moderadas, politicamente correctas e militarmente controladas. Com a chegada de Adrian Cronauer, tudo se modifica e precipita num sentido diverso. A começar desde logo pela sua saudação inicial: Goooood Moorning, Vietnammmm!! Depois a irreverência das suas palavras, a escolha de um repertório musical à base de rock, a alegria e espontaneidade das suas réplicas em tudo se assemelha à sua forma descontraída de trajar, à maneira como convive com os indígenas. Adrian Cronauer provoca uma pequena tempestade no aquartelamento, divide as tropas, opõe os superiores em campos opostos, cria amigos e inimigos (como o vingativo sargento Dickerson) e acaba reenviado para casa, por tudo isto que atrás fica dito e por conviver com um suposto vietcong, que era irmão de um jovem por quem visivelmente se apaixonara.
Barry Levinson é um realizador bastante interessante, que assinou um conjunto de obras quase sempre de boa qualidade, assentes em argumentos inteligentes, bem conduzidas e normalmente muito bem interpretadas. Boa escolha de actores e, igualmente, boa direcção, mesmo quando, como no caso presente, essa boa direcção foi de certa forma dar rédea solta a Robin Williams. Produtor, argumentista, actor, homem de mil talentos no campo do cinema, Barry Levinson é sobretudo saudado como realizador de um bom conjunto de títulos que o notabilizaram nas décadas de 80 e 90 do século passado, a começar desde logo pelo belíssimo “Adeus, Amigos” (1982), passando por “Um Homem Fora de Série”, “O Enigma da Pirâmide”, “Bom Dia, Vietname”, “Encontro de Irmãos”, “Bugsy”, “Revelação”, “Sentimento de Revolta”, “Manobras na Casa Branca” até chegar a “Os Melhores Anos”. Ultimamente, filmes como “O Homem do Ano”, “Pânico em Hollywood” ou “A Humilhação” (2014) não parecem manter viva a mesma qualidade e interesse. A sua colaboração com Robin Williams foi numerosa, mas definitivamente o título de glória de ambos é “Bom Dia, Vietname”.
Rodado em grande parte em Banguecoque, na Tailândia (a fazer-se passar pelo Vietnam), o filme possui uma excelente fotografia, uma montagem nervosa e rigorosa, uma banda sonora de sucessos da época, e uma realização que sabe assumir-se em cenas de exteriores e quase apagar-se perante o génio de Robin Williams.


BOM DIA, VIETNAME
Título original: Good Morning, Vietnam
Realização: Barry Levinson (EUA,1987); Argumento: Mitch Markowitz; Produção: Harry Bennm, Larry Brezner, Mark Johnson, Ben Moses; Música: Alex North; Fotografia (cor): Peter Sova; Montagem: Stu Linder; Casting: Louis DiGiaimo; Design de produção: Roy Walker; Direcção artística: Steve Spence; Decoração: Tessa Davies; Guarda-roupa: Keith Denny; Maquilhagem: Eric Allwright, Mike Lockey;  Direcção de Produção: Jayne Armstrong; Assistentes de realização: M. Mathis Johnson, Sompol Sungkawess, Gerry Toomey, Bill Westley; Departamento de arte: Len Furey, Michael G. Ploog, John Roberts, Terry Wells; Som: Pieter Hubbard, David J. Hudson, Bruce Lacy, Bill Phillips;  Efeitos especiais: Fred Cramer; Companhias de produção: Touchstone Pictures, Silver Screen Partners III; Intérpretes: Robin Williams (Adrian Cronauer), Forest Whitaker (Edward Garlick), Tung Thanh Tran (Tuan), Chintara Sukapatana (Trinh), Bruno Kirby (Lt. Steven Hauk), Robert Wuhl (Marty Lee Dreiwitz), J.T. Walsh (Sgt. Major Dickerson), Noble Willingham (Gen. Taylor), Richard Edson (Pvt. Abersold), Juney Smith, Richard Portnow, Floyd Vivino, Cu Ba Nguyen, Dan Stanton, Don Stanton, Danny Aiello III, James McIntire, Peter Mackenzie, No Tran, Hoa Nguyen, Uikey Kuay, Suvit Abakaz, Panas Wiwatpanachat, Lerdcharn Namkiri, etc. Duração: 121 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo Audiovisuais; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 14 de Outubro de 1988.

ROBIN WILLIAMS (1951-2014)

Robin McLaurin Williams nasceu em Chicago (EUA), a 21 de Julho de 1951, e faleceu em Paradise Cay (EUA), a 11 de Agosto de 2014, vítima de suicídio por enforcamento. O corpo foi cremado e as cinzas foram lançadas na baía de San Francisco. Em 1973, Williams foi selecionado para integrar a prestigiada Juilliard School, onde John Houseman o escolheu, juntamente com Christopher Reeve, para prosseguirem estudos mais avançados. Era um aluno brilhante no estudo dos dialectos. Deixou a Juilliard em 1976. Actor, com particular destaque em papéis cómicos, iniciou a sua carreira na televisão, em inúmeras séries (as mais célebres de todas terão sido “Happy Days” e “Mork and Mindy”), e como actor de “stand-up comedy”. Em 1980, estreia-se no cinema, pela mão de Robert Altman, em “Popeye”, a que se segue um importante conjunto de obras que consolidam definitivamente o seu nome: “O Estranho Mundo de Garp”, “Os Sobreviventes”, “Um Russo em Nova Iorque”, “Bom Dia, Vietname”, “A Fantástica Aventura do Barão” ou “O Clube dos Poetas Mortos” (1989), com o qual arrecada impressionante sucesso público e de crítica. Seguem-se “Despertares”, “Hook” e “O Rei Pescador”. Com “O Bom Rebelde” (1977) ganha o Oscar de Melhor Actor Secundário. Foi nomeado mais três vezes, todas como Melhor Actor: “Good Morning, Vietnam” (1987), “Dead Poets Society” (1989) e “The Fisher King” (1991). Também conquistou ao longo da sua carreira mais dois Emmys, seis Globos de Ouro, dois prémios do Screen Actors Guild e cinco Grammys. As nomeações e muitos outros prémios são inumeráveis. Mas a partir de inícios de meados da década de 90. a sua estrela começou a empalidecer. Ofereciam-lhe quase só papéis de dobragem em filmes de animação, e o protagonismo em comédias que não mereciam o seu talento. Títulos como “Papá para Sempre”, “Jumanji”, “Casa de Doidas”, “Jack”, “O Dia dos Pais”, “Flubber - O Professor Distraído”, “Patch Adams”, “Um Milagre de Natal”, “Quem Está Morto Sempre Aparece”, “Com a Casa às Costas”, “O Homem do Ano”, “À Noite, no Museu1,2,3”. “À Noite no Museu: O Segredo do Faraó” (2014) foi o seu último filme. Mas entre algumas inutilidades, devem ressalvar-se as suas colaborações em “As Faces de Harry”, “O Homem Bicentenário”, “A.I. Inteligência Artificial”, “A Face do Amor” ou “O Mordomo”. 

MASH


MASH (1970)

Robert Bernard Altman (20/2/1925, Kansas City, EUA; 20/11/2006, Los Angeles, EUA) foi um dos maiores cineastas norte-americanos de fins do século XX, e um cineasta muito característico.  Conheceu altos e baixos nos favores do público, teve êxitos e insucessos, ganhou Óscares e passou ao lado de outros, dispersou a sua obra por diversos géneros, do drama à comédia, do policial ao musical, mas manteve-se sempre fiel a uma temática e a um estilo muito particular, e muito pessoal. As suas obras evoluíam ao sabor de um puzzle que continuamente se constrói e por vezes se destrói, com dezenas de personagens em histórias aparentemente paralelas que quase sempre convergem no final para um mesmo desfecho. Três dos últimos títulos de Robert Altman, “O Jogador”, nomeado para alguns Oscars de 1992, “Short Cuts - Os Americanos”, retirado de curtas e amargas histórias de Raymond Carver, que triunfou no Festival de Veneza de 1993, que voltaria a nomear Altamn para o melhor realizador de 1993, e “Gosford Park” (2001), várias nomeações e prémios no oscars e nos Globos de Ouro, chamaram, por exemplo, de novo a atenção para a obra deste cineasta, um dos mais interessantes do moderno cinema norte-americano, mas nem por isso dos mais populares junto do grande público, com uma ou outra excepção.
Falando do campo da comédia, Altman, desde MASH, até “A Praire Home Companion - Bastidores da Rádio” (2006) deu-nos alguns títulos indispensáveis, como “Um Casamento” (1978), “O Casal Perfeito” (1979), “Popeye” (1980), entre outros, mas não se pode dizer que seja um autor de comédias, apesar de serem exemplos bastante típicos da carreira de um realizador cuja filmografia se diversifica em direcções contrárias sendo, todavia, possível falar sempre de um estilo próprio e de preocupações particulares. Aliás, qualquer destes filmes, demonstram aspectos essenciais da obra de Altman, atento à realidade circundante, que crítica de forma vigorosa e contundente, mas também irónica e subtil, aprofundando a análise psicológica e as implicações psicanalíticas, quer em termos pessoais, em função das diversas personagens em confronto, quer em termos de um inconsciente colectivo norte-americano, falando dos EUA em termos globais. Digamos que há em Altman um pendor para  a parábola, exprimindo-se esta, no entanto, por formas muito diversas: ou numa via marcadamente realista (vejam-se os casos de “MASH”, “Um Casamento” ou “O  Casal Perfeito”, mas também outros títulos igualmente notáveis, como “Nashville” ou “O Jogador”, que se podem igualmente integrar nesta vertente), ou através de uma simbologia cerrada e críptica, que se esboça em “Três Mulheres” e se prolonga em outras obras como “Aquele Dia Frio no Parque”, “A Sombra do Duplo Amante” e “Quinteto”. 


“MASH” integra-se, pois, nessa vertente metafórica, mas de fundo vincadamente realista, por vezes mesmo hiper-realista, que tem sido o caminho mais fecundo e também o mais original da filmografia deste realizador. Este filme, estreado nos EUA em 1970, iria tornar Altman um cineasta reconhecido internacionalmente, dado o enorme sucesso de público e de crítica que conheceu. Junto da censura portuguesa, porém, a sua sorte seria nula, pois foi proibido integralmente, sendo estreado somente depois de 1974, quatro anos depois do seu lançamento internacional.
Divertida e corrosiva comédia de um humor por vezes retintamente negro, MASH alcançaria o Grande Prémio do Festival de Cannes e várias nomeações para os "Oscars", entre as quais o de Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actriz, ganhando o Oscar de Melhor Argumento, atribuído a Ring Larner, Jr, que adaptou ao cinema um romance de Richard Hooker, um médico que cumpriu o seu serviço militar na Coreia, durante a guerra.
O cenário desta comédia é um campo de socorros a feridos (“Mobil Army Surgical Hospital”, donde M.A.S.H.), uma espécie de hospital de campanha, localizado vagamente na Indonésia, durante a guerra da Coreia, mas com os olhos postos obviamente na guerra do Vietname. Aí se encontram as enfermeiras e os médicos americanos que, recrutados pelo exército, cumprem o seu tempo de serviço militar obrigatório. O filme procura demonstrar pelo absurdo o absurdo da guerra. Com fina ironia, por vezes com alguma subtileza, outras entrando abertamente pela caricatura mais contrastada, Altman ataca um pouco por todo o lado, desde a hierarquia militar à incompetência médica, do puritanismo ao espírito vincadamente competitivo do americano médio (veja-se essa admirável sequência do jogo de "rugby"). O próprio machismo é parodiado numa outra sequência notável, a última ceia de um hipotético condenado à impotência, que aceita suicidar-se por não suportar essa ideia. Muito divertida é ainda uma outra situação chave deste filme, uma cena de sexo que, mercê de um traiçoeiro truque, é difundida e ouvida em estereofonia em todo o acampamento.


Altman revela-se um cineasta já de uma excelente fluência na condução do humor e na criação de um ritmo de comédia, jamais gratuita ou inconsequente, sempre inteligente e incisiva para com os poderes constituídos. É conveniente recordar que, em 1970, a América se encontrava num momento de grande contestação à intervenção americana no Vietname, e filmes como “MASH” muito ajudaram a criar esse clima de revolta da consciência colectiva.  Excelentes actores - Donald Sutherland, Elliot Goult, Tom Skerritt, Sally Kelllerman, Robert Duvall, entre outros - ajudam a fazer de “MASH” uma comédia imprescindível, um dos grandes títulos da década de 70.



MASH
Título original: MASH

Realização: Robert Altman (EUA, 1970); Argumento: Ring Lardner, Jr., segundo romance de Richard Hooker; Produção: Ingo Preminger, Leon Ericksen; Fotografia (cor):  Harold E. Stine; Música: Johnny Mandel; Montagem: Danford B. Greene; Direcção artística: Jack Martin Smith e Art Cruickshank; Decoração: Stuart A. Reiss, Walter M. Scott; Maquilhagem: Les Berns, Edith Lindon, Daniel C. Striepeke, Gerry Leetch; Direcção de Produção: Norman A. Cook; Assistentes de realização: Ray Taylor Jr.; Departamento de arte: Sidney H. Greenwood, Robert Lombardi; Som: Bernard Freericks, John D. Stack; Efeitos especiais: Greg C. Jensen; Efeitos visuais: L.B. Abbott, Art Cruickshank; Companhias de produção: Aspen Productions, Ingo Preminger Productions, Twentieth Century Fox Film Corporation; Intérpretes: Donald Sutherland (Hawkeye Pierce), Elliott Gould (Trapper John McIntyre), Tom Skerritt (Duke Forrest), Sally Kellerman ('Hot Lips' O'Houlihan), Robert Duvall (Maj. Frank Burns), Roger Bowen (Cor. Henry Blake), Rene Auberjonois (padre John Mulcahy), David Arkin (Sgt. Major Vollmer), Jo Ann Pflug (Ten. 'Dish'), Gary Burghoff (soldado Radar' O'Reilly), Fred Williamson (Dr. Oliver 'Spearchucker' Jones), Michael Murphy ('Me Lai' Marston), Indus Arthur, Ken Prymus, Bobby Troup, Kim Atwood, Timothy Brown, John Schuck, Dawne Damon, Carl Gottlieb, Tamara Wilcox-Smith, G. Wood, Bud Cort, Danny Goldman, Corey Fischer, Stephen Altman, William Ballard, Buck Buchanan, etc. Duração: 116 minutos; Distribuição em Portugal: Fox; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 17 de Setembro de 1974.

DR. ESTRANHOAMOR


DOUTOR ESTRANHOAMOR (1964)
 
Sob a fórmula de sátira que leva ao absurdo as consequências últimas da Guerra Fria, “Doutor EstranhoAmor” alerta-nos para os perigos de um desastre nuclear, pondo a descoberto os índices de falibilidade das medidas de segurança utilizadas, perante o gigantismo dos interesses económicos e da tecnologia bélica. Kubrick afirmou-o, aquando da estreia: “Trata-se de um filme que mostra um general louco que lança bombardeiros atómicos sobre um país adversário. A partir daí o mundo começa a levar as coisas a sério, só que é um pouco tarde.”
“Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb”, com argumento de Stanley Kubrick, Terry Southern, Peter George, segundo romance de Peter George (“Red Alert”, ou “Two Hours to Doom”) vê a sua acção polarizada em três cenários diferentes, mas convergentes nas suas acções que se interpenetram, numa montagem em paralelo: uma base militar norte-americana, isolada, onde se encontra um general enlouquecido; a sala redonda do Pentágono, onde o presidente dos Estados Unidos e os seus conselheiros políticos e militares tentam remediar a sabotagem; o interior de um bombardeiro que depois de ter recebido ordens para dar cumprimento ao plano de “ataque R”, se precipita para o interior da União Soviética, com a finalidade de destruir objectivos militares. Da conjugação das situações nestes três locais nasce o suspense desta obra de humor corrosivo, brilhantemente interpretada por Sterling Hayden (o brigadeiro Jack D. Ripper, um perigoso belicista louco), Peter Sellers (compondo três personagens: capitão Lionel Mandrake, adjunto de Jack D. Ripper, Merkin Muffley, presidente dos EUA e Dr.Stangelove, um técnico alemão, meio robot, com um teimoso braço direito que não se cansa de se projectar para a frente, numa clara saudação nazi), George C. Scott (general 'Buck' Turgidson), Keenan Wynn (coronel 'Bat' Guano) ou Slim Pickens (major T.J. 'King' Kong).


Este filme integra-se numa corrente de ficção política que na década de 60 teve várias obras de idênticas intenções, nomeadamente “Sete Dias em Maio”, de John Frankenheim, e “Missão Suicida”, de James B. Harris, até então produtor de Stanley Kubrick, e que com essa realização se emancipava como director, iniciando uma nova carreira. Mas este filme de Kubrick é claramente superior às outras obras (muito embora a evidente qualidade de ambas), e isso deve-se à magnífica realização deste cineasta, e sobretudo ao tom de humor escolhido. Kubrick não perde uma oportunidade para sublinhar um efeito de sátira: o piloto do bombardeiro norte-americano lança-se sobre terra russa, cavalgando uma bomba nuclear, tal como um vulgar cowboy de tempos heroicos; toda a carga simbólica de personagens como o brigadeiro louco (e a sua teoria da ameaça bolchevista: a degenerescência dos fluídos corpóreos!); o próprio Dr. Stangelove; a crítica ostensiva ao militarismo de um inconsciente general Buck Turgidson, que, depois de desencadeada a crise, já com os bombardeiros a caminho da URSS, justifica o aproveitamento desta decisão, com a explicação de que uma tal ocorrência apanharia os soviéticos desprevenidos e permitiria acabar com o seu poderio, “com um mínimo de perdas humanas, qualquer coisa como apenas 120 milhões de soviéticos e 20 milhões de americanos”; ou ainda o fabuloso bailado final, quando sucessivas explosões nucleares se fundem num apocalíptico cogumelo de destruição, tendo como banda sonora uma romântica valsa (sequência que está certamente na origem de certas ideias de sonoplastia desenvolvidas depois em 2001).
Um filme brilhante, de um homem desencantado e corrosivo quanto ao futuro do Homem. Um futuro que Kubrick irá antever sob uma perspectiva inteiramente nova, no filme seguinte, a sua primeira incursão no campo da ficção científica, “2001: Odisseia no Espaço”.


DR. ESTRANHOAMOR
Título original: Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb

Realização: Stanley Kubrick (Inglaterra, 1964); Argumento: Stanley Kubrick, Terry Southern, Peter George, segundo romance de Peter George (“Red Alert”, ou “Two Hours to Doom”); Música: Laurie Johnson; Fotografia (p/b):  Gilbert Taylor; Montagem: Anthony Harvey; Design de produção: Ken Adam; Direcção artística: Peter Murton; Maquilhagem: Stuart Freeborn, Barbara Ritchie; Direcção de produção: Clifton Brandon; Assistentes de realização: Eric Rattray; Som: John Aldred, Richard Bird, John Cox, Leslie Hodgson; Efeitos Especiais: Wally Veevers, Alan Bryce, Arthur 'Weegee' Fellig, Brian Gamby, Garth Inns, Mike Shaw; Efeitos visuais: Vic Margutti; Produção: Stanley Kubrick, Victor Lyndon, Leon Minoff.; Intérpretes: Peter Sellers (Capitão Lionel Mandrake/Presidente Merkin Muffley/Dr. Strangelove), George C. Scott (General 'Buck' Turgidson), Sterling Hayden (Brigadeiro Jack D. Ripper), Keenan Wynn (Coronel 'Bat' Guano), Slim Pickens (Major T.J. 'King' Kong), Peter Bull (Embaixador soviético Alexi de Sadesky), James Earl Jones (Tenente Lothar Zogg), Tracy Reed (Miss Scott), Jack Creley (Mr. Staines), Frank Berry (Tenente  H.R. Dietrich), Robert O'Neil (Almirante Randolph), Glenn Beck (Tenente  W.D. Kivel), Roy Stephens (Frank), Shane Rimmer (Capitão G.A. 'Ace' Owens), Paul Tamarin (Tenente  B. Goldberg), Gordon Tanner (General Faceman), John McCarthy, Hal Galili, Laurence Herder, etc. Duração: 93 minutos; Distribuição em Portugal: Columbia Filmes; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 25 de Julho de 1974.